Olá a todos o meu nome é Célia Serra e sou enfermeira especialista em saúde materna e obstetrícia. Estou aqui para que juntos possamos abordar a questão de deixarmos de ser simplesmente filhos e passarmos a adquirir simultaneamente o papel de pais, e ainda a problemática de recebermos um bebé que não vem com manual de instruções nem botão on/off.
Assim, nesta sessão falaremos de alterações emocionais, exercício físico, sexualidade e contraceção no pós-parto.
Relativamente às alterações emocionais do pós-parto estamos a referirmos ao blues pós-parto, à depressão no pós-parto e psicose.
Acabou de ter um bebé e é suposto que se sinta feliz e a festejar a sua chegada com os seus familiares e amigos. Mas ao contrário, só lhe apetece chorar. Estava pronta para alegria da celebração, e não para a exaustão, para a tristeza e para a ansiedade.
É importante esclarecer que o blues pós-parto se trata de uma alteração emocional normal desta fase, mas que não deve ser desvalorizada. Afeta 40 a 60% das mulheres, e é provavelmente causado pelas alterações hormonais bruscas que ocorrem após o parto. Pode durar ente 10 e 14 dias e deve desaparecer espontaneamente. Irá sentir-se melhor, assim que os níveis hormonais equilibrarem. O apoio dos que a rodeiam é fundamental para ultrapassar esta fase.
A depressão no pós-parto traduz-se num agravamento e severidade dos sintomas com uma maior duração relativamente ao blues. É um problema sério que não pode ser ignorado, mas nem sempre fácil de diferenciar entre as duas situações uma vez que ambas apresentam sintomas comuns, tais como: as alterações do humor, a irritabilidade, a tristeza, o choro e as alterações do padrão do sono.
A depressão no pós-parto afeta cerca de 10 a 15% das mulheres. São apontadas como principais causas: as alterações hormonais, mas também as alterações físicas e o stress.
Requer a ajuda de um profissional de saúde, em acréscimo com os cuidados pessoais e apoio familiar.
Quando não detetada e tratada atempadamente poderá originar perturbações emocionais e cognitivas quer para a mãe quer para o bebé.
E quais são as estratégias que podemos adotar para lidar com a depressão pós-parto? É importante,
Em suma, quanto mais cuidar da sua saúde mental e do bem-estar físico, melhor se sentirá.
A psicose no pós-parto é uma patologia grave que requer tratamento e muitas vezes internamento.
Atinge 2 a 4 em cada 1000 mulheres e surge nas primeiras semanas após o nascimento do bebé.
São frequentes sintomas como: alucinações, delírios e angústias paranoides.
Cada vez mais se incentiva o exercício físico como melhoria da qualidade de vida. Também na recuperação pós-parto, a atividade física apresenta um papel fundamental na retoma da imagem corporal alterada, na sensação de bem-estar, e fomenta a auto estima e a autoconfiança. A par dessas vantagens o exercício físico também é fundamental na aquisição de uma postura correta durante a amamentação e na retoma do peso habitual.
Em qualquer tipo de parto, a mulher deve aconselhar-se previamente com o profissional de saúde de obstetrícia sobre quais os cuidados que deve ter antes de iniciar a prática de exercício e quando o deve iniciar.
Os exercícios do períneo também chamados de exercícios de Kegel são exercícios de contração e relaxamento dos músculos que rodeiam a vagina e o ânus.
São imprescindíveis para reforçar a sustentação da bexiga e do intestino, fortalecer o tónus vaginal e reduzir a probabilidade de incontinência urinária e facilitar a retoma da atividade sexual.
São muito fáceis e podem ser feitos em qualquer altura do dia, mas sempre com a bexiga vazia.
Então vamos experimentar:
É importante que hidrate a zona abdominal e os tecidos do períneo com aplicação de um creme específico, uma vez que a hidratação favorece a elasticidade e a resistência dos tecidos.
Após o nascimento do bebé, o casal entra numa nova etapa da sua vida. As rotinas e cuidados que o bebé exige podem fazer alterar a vida conjugal do casal, contudo, é importante ter em atenção que os tempos dedicados um ao outro enquanto casal tem que voltar a existir.
Do ponto de vista emocional e físico a mulher só deve retomar a vida sexual quando se sentir bem física e psicologicamente. Fatores ginecológicos podem causar desconforto durante o ato sexual, tais como: a diminuição da lubrificação vaginal e da libido e o desconforto causado pela não total cicatrização dos tecidos.
É essencial o esclarecimento de dúvidas com um profissional de saúde, durante a consulta de revisão após o parto.
A escolha e utilização de um método contracetivo antes da retoma da atividade sexual é importante. A contraceção no pós-parto deve ser pensada, pelo casal, ainda no período pré-natal e deve ter em conta diversos fatores, entre eles:
Se está a amamentar, os métodos contracetivos mais recomendados são:
Está contraindicada a contraceção hormonal combinada, como a pílula, o anel vaginal ou o adesivo.
É importante salientar que a amamentação, só por si, é considerada um método natural de baixa eficácia, e que não dispensa a utilização de um método contracetivo adicional.
E é tudo por hoje! Na próxima aula temos outros conteúdos a abordar que o irão interessar!